A partida pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro da Série A em que o Bahia bateu, no sábado, 1º de junho, o Grêmio, por 1 a 0, no estádio de Pituaçu, em Salvador, marcou a subida para 35% do grau de adesão dos clubes da divisão de elite do Brasileirão ao patrocínio das casas de apostas. O tricolor baiano exibiu pela primeira vez em sua camisa a marca de um site de jogos online.

Foi o sexto dos 20 clubes da mais importante divisão do futebol nacional a contar com uma empresa do segmento entre os seus anunciantes e o primeiro a destinar a parte da frontal de sua camisa, ainda que não o espaço mais nobre. Os valores da transação não revelados. É o terceiro clube que a Casasdeapostas.com patrocina. Os outros são Santos e Botafogo, que estampam o nome da empresa na região do omoplata em seus uniformes.

Os clubes que contam com casas de apostas como patrocinadores no Brasileirão
Time Patrocinador
Bahia Casa de Apostas.com
Santos Casa de Apostas.com
Botafogo Casa de Apostas.com
Vasco Netbet
Fortaleza Netbet
Corinthians Majorsports

 

Rival do tricolor foi o primeiro a ter site de jogos como patrocinador

A busca pelo patrocínio de sites de jogos online pelos clubes de futebol brasileiros foi disparada por dois movimentos disparados quase paralelamente no final do ano passado. No final do governo Michel Temer foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada a lei que determinou a regulamentação da atuação no país das casas de apostas esportivas.

Na prática, as regras ainda não estão em vigor. A Secretaria da Fazenda tem prazo até outubro de 2020 para determinar as regras que vão credenciar as empresas para atuar em solo nacional. Esse período pode ser prorrogado por mais dois anos. No entanto, mesmo sem que isso aconteça a lei permite que as casas de apostas esportivas já patrocinem os clubes. O Vitória, grande rival do Bahia, que está na Série B do Campeonato Brasileiro, foi o pioneiro nesta direção ao assinar acordo com a NetBet, que depois chegou à Série A fazendo acordos com Vasco e Fortaleza.

O segundo movimento que aqueceu o mercado aconteceu com a chegada de Jair Bolsonaro à presidência. Ele vetou o patrocínio da Caixa Econômica Federal aos clubes. O banco estatal era o grande investidor nessa área. Isso reduziu de forma significativa o preço pedido pelos clubes para que as marcas utilizassem seus uniformes abrindo espaço para a exploração dos espaços pelos sites de jogos online.

Gigantes ainda aguardam para entrar no mercado

No entanto, os acordos ainda não chegaram às áreas nobres. Nenhuma casa de apostas esportivas adquiriu o direito de ser patrocinador master das equipes nacionais. Isso sinaliza alguma cautela das principais marcas internacionais na entrada no país uma vez que a regulamentação não foi feita. Betway, por exemplo, que tem aumentado seus investimentos no país, anunciou na semana passada a renovação de seu contrato com o médio West Ham, equipe que disputa a Premier League (Campeonato Inglês) por mais seis anos. Empresa com forte presença no setor de Esports, ainda segue de fora dos investimentos em marketing em clubes brasileiros. A mesma linha é adotada por gigantes como Bet365, que há anos é a principal patrocinadora do Stoke, que está no Championship, a Segunda Divisão do Campeonato Inglês.

Quem adotou uma estratégia similar e resolveu dar um passo adiante foi a Pari Mutuel Urbain (PMU). A empresa francesa que opera as apostas do Jockey Club Brasileiro por dois anos patrocinou o Campeonato Carioca. Na temporada 2019, resolveu estender seus investimento como apoiadora do Cruzeiro colocando placas de publicidade nos jogos que o clube realiza no Mineirão.

Mercado pode atingir faturamento de R$ 10 bilhões por ano

Uma das dificuldades para o investimento é a falta de dados oficiais sobre o tamanho do mercado brasileiro. De acordo com estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGB), estima-se que os sites de jogos online atualmente movimentam algo em torno de US$ 200 a U$$ 300 milhões (entre R$ 800 milhões e 1,2 bilhão) no país.

As projeções para o aumento dessa receita com a concessão da licença de atuação pelo Ministério da Fazenda e investimento em marketing indicam que o mercado pode passar a movimentar de R$ 6 bilhões a R$ 10 bilhões por ano.

Um indício claro do aumento de interesse nesse mercado foi a recente movimentação da Rede Globo de Televisão, que ao lado do grupo Tuner é detentora dos direitos de transmissão da Série A do Campeonato Brasileiro. Pela primeira vez a emissora convocou os clubes que tem sob contrato para incluir no acordo os direitos de transmissão das partidas para as plataformas de streaming de casas de apostas esportivas.