Tratamos a nossa participação no Campeonato Europeu de uma forma um pouco diferente da dos poloneses. Somos um país pequeno, não chegamos aos torneios finais com a mesma frequência que os outros. A Polônia será a favorita na partida de abertura. O número de jogadores em bons clubes e ligas prova a qualidade deles

disse Stefan Tarković, treinador da seleção eslovaca, em entrevista ao Goal.pl.
  • A Polônia jogará com a Eslováquia em sua primeira partida na Euro 2020. Então, conversamos com Stefan Tarkovic sobre o clima menos de 50 dias antes do início do campeonato
  • Nossos rivais foram recentemente detonados pela mídia eslovaca após empates vergonhosos com Chipre e Malta. – A Eslováquia tem um problema de longa data em manter o papel de favorita, mas a verdade é que esses dois jogos nos deixaram em maus lençóis. Merecemos o que foi escrito – diz o selecionador de nossos rivais
  • Com Tarkovic, também discutimos o tema das vacinas, o nível da liga polonesa, as razões para a transferência incomum de Marek Hamsik para o IFK Goeteborg e Robert Lewandowski.
Stefan Tarković
Stefan Tarković da Eslováquia em jogo pela EURO 2016 (© imago images / Sportimage) 15.06.2016

Polônia é mais forte no papel

Quem é a favorita no jogo Polônia – Eslováquia?

Polônia, porque falar de favoritos é julgar o que está no papel. E basta olhar para o número de jogadores em bons clubes e ligas. Isso atesta a sua qualidade. Já disse muitas vezes que a seleção eslovaca pode ser competitiva quando todas as nuances começam a trabalhar a nosso favor. Mas confio na minha equipe, se tudo der certo o resultado será determinado em campo, não no papel.

Na Polônia, acredita-se que não existe para nós, na Euro 2020, um jogo mais importante do que aquele contra vocês. O sentimento na Eslováquia é semelhante?

Apenas porque a primeira partida do grupo é importante para todos os que ganharam a vaga na Euro. Tratamos a nossa participação de forma um pouco diferente, porque para a Eslováquia cada jogo é único. Somos um país pequeno, não chegamos aos torneios finais com a mesma frequência que os outros. É por isso que nos sentimos muito motivados, e o fato de o Campeonato Europeu deste ano ser o segundo consecutivo que vamos disputar é muito importante.

Em um aspecto, Polônia e Eslováquia são definitivamente semelhantes – ambas as equipes trocaram de técnico apesar dos bons resultados nas Eliminatórias para a Euro 2020. Você ficou surpreso com a sua nomeação?

Acima de tudo, tive uma decisão difícil a tomar, mas decidi que estava pronto para esta missão. Foi uma daquelas situações no futebol que traz uma oportunidade única. Os bastidores do meu emprego não são particularmente complicados – já trabalhei com a seleção eslovaca antes, quando era liderada por Jan Kozak, e foi um período longo e de muito sucesso. Ele teve que ser lembrado, porque antes da final dos playoffs valendo uma vaga na Euro, o presidente da federação eslovaca entrou em contato comigo e me ofereceu a vaga para assumir a seleção nacional (Pavel Hapal foi demitido após os jogos de outubro. Os resultados do treinador estão abaixo das expectativas – nota do editor). Naquela época, eu trabalhava como diretor técnico do SFZ e queria ajudar a seleção nacional nesta situação. No final, tudo correu à nossa maneira e depois de derrotarmos a Irlanda do Norte e avançarmos para a Euro.

E quanto às vacinas?

A Euro 2020 começa em menos de 50 dias. Tem alguma preocupação quanto ao panomara do torneio?

Muito, mas isto é normal quando você está liderando a seleção nacional. Agora, além disso, há questões sobre as quais não temos qualquer influência. A decisão de transferir os nossos jogos para outros estádios alterou alguns planos e nos obrigou a reagir. Temos de planejar a organização da nossa concentração praticamente do zero e sob grande pressão do tempo. Também não é algo confortável quando os meus jogadores ofensivos não têm o ritmo de jogo adequado. Ainda há algum tempo até o final da temporada, tenho que acreditar que isso vai mudar. Esperemos que ninguém saia por causa de lesões….

Acontecimentos recentes mostram que o técnico pode perder um jogador por outra razão. Os eslovacos vão para a Euro vacinados?

É complicado. Já estamos lidando com essa questão há algum, mas é difícil encontrar um meio-termo quando se trata de logística. Na seleção, temos jogadores que atuam não só na Europa, mas também fora dela. Além disso, é necessário o consentimento do clube, porque os jogadores estão em processo de jogar na liga e não há nenhum estudo que mostre claramente como o corpo reage às vacinas sob stress. Além disso, na Eslováquia, a política de vacinação não cobre atletas que estão sujeitos a regimes diferentes de outras pessoas. Por exemplo, atualmente não é possível vacinar pessoas com idade inferior a 40 anos.

Panorama após empates vergonhosos

Como podemos explicar o bom desempenho da Eslováquia contra a Rússia nos jogos de Eliminatórias da Copa do Mundo, em março, e o fato de não ter conseguido lidar com Chipre e Malta antes disso?

A Eslováquia tem um problema de longa data em ser a favorita, mas a verdade é que estes dois jogos nos deixaram em maus lençóis. Durante os treinamentos de março, houve muitas coisas que não pudemos influenciar e isso nos limitou. Aos poucos, os nossos jogadores foram desistindo. Não pudemos convocar Hamsik e Rodak, depois perdemos mais jogadores até o número de ausentes chegar a nove. Antes do jogo com a Rússia, adicionamos Dubravka, Valjent e Hanck às “perdas”. A situação nos obrigou a criar um elenco completamente novo, enquanto os nossos rivais de grupo podiam contar com a estabilidade. Esta foi a vantagem deles sobre nós. Houve também problemas devido a medidas de segurança relacionadas com a pandemia. Por causa disso, Duda, Pekarik e Benes se juntaram a nós um dia e meio antes do jogo no Chipre. Depois dessa reunião, eu disse que não seríamos os únicos a perder pontos lá, o que foi confirmado pouco depois – Chipre venceu a Eslovênia, que tinha ganhado anteriormente contra a Croácia. O nosso grupo é extremamente equilibrado. O jogo contra o Chipre foi diferente do jogo contra Malta, mas as críticas depois de ambos foram justificadas. Estou muito feliz que a reação da equipe no jogo contra a Rússia tenha sido adequada.

As críticas foram imensas. Eu estava navegando pelos na mídia eslovaca antes da nossa entrevista e me deparei com o termo “desgraça”.

A Eslováquia é um país pequeno, mas a torcida é muito exigente e tem grandes expectativas. A seleção ainda está em construção e o modelo atual de competições europeias é completamente diferente do que no meu tempo como assistente de Jan Kozak. Na ocasião, durante a concentração para treinos, havia frequentemente um jogo valendo algo, e o segundo era um jogo amistoso, durante o qual se podia testar certas soluções sem consequências. Às vezes, havia uma semana para se preparar para uma partida, havia muito espaço para construir o sistema de jogo. Agora não há tempo nem espaço. A equipe é construída sob a pressão do resultado, cada jogo é muito importante. No entanto, isso não é desculpa para nós, porque temos qualidade suficiente para vencer Malta e Chipre. Como isso não aconteceu, as críticas não devem nos surpreender.

O empate com Malta e o desenrolar do jogo – vocês chegaram a estar perdendo por 2-0 – é a maior desilusão na sua carreira?

Certamente, foi o momento mais estressante, quero dizer, aquele em que estávamos perdendo por 2-0. Foi o terceiro tempo consecutivo que não controlamos de forma alguma. Para mudar a situação no campo, tivemos de mudar muito na nossa cabeça e, felizmente, conseguimos. Após a mudança de lado, mostramos confiança, a abordagem certa, marcamos dois gols, infelizmente não deu para virar o jogo. Mas, se houve algo de positivo nos dois primeiros jogos, foi aquele momento de reação.

Como Hamsik vem da Suécia

Falou com Marek Hamsik antes da sua transferência para o Campeonato Sueco? Se sim – o que o guiou? Porque a direção é surpreendente.

Sim, falamos sobre sua transferência para a Suécia. Para mim e para ele a prioridade era jogar regularmente antes do Campeonato Europeu. Além disso, a sua transferência foi específica, já que Marek não poderia mais se transferir para outras ligas. A janela de transferência no Ocidente já estava fechada.

Assim, ele ainda é – apesar da sua ausência nas partidas de março – o jogador-chave da sua equipe, que irá definitivamente para a Euro se estiver saudável.

Marek é importante para a equipe, tem uma personalidade forte e sequer há a necessidade de falar sobre isso. Agradeço especialmente o fato de ele ter muita experiência, ser disciplinado e, acima de tudo, estar sempre cem por cento pronto para ajudar a seleção. Essas são características muito importantes de Marek. A experiência que adquiriu ao longo de sua carreira pode ser decisiva em partidas difíceis. Mas vejo a seleção eslovaca, antes de tudo, como um time. Marek Hamsik faz parte dele.

Qual é o problema para Stanislav Lobotka jogar tão pouco no Napoli? Você já conversou com ele sobre isso?

Stano é um jogador de futebol excepcional, ele está bem estabelecido no futebol europeu. Há elementos em seu jogo que são muito importantes para o conceito moderno do esporte. Ele não joga muito no Napoli porque tem uma concorrência muito forte, mas este é o caso em todos os grandes clubes europeus de alta qualidade. Neste momento, a sua prática de jogo não é suficiente. Porém, ele está no processo de treinos de alta qualidade com os melhores jogadores do mundo.

Campeonato Polonôes (Ekstraklasa) sob observação constante

Os fãs poloneses conhecem muito bem Ondrej Duda e Lukas Haraslin. Depois de se transferirem para as ligas alemã e italiana, eles se tornaram jogadores muito melhores?

É uma pergunta interessante, pois levanta a polêmica se é melhor estar em um bom clube e lutar pelo seu lugar no time todos os dias, ou estar em um ligeiramente mais fraco, com menos competição, e jogar regularmente. Todos tomam decisões que pensam que os ajudarão a construir suas carreiras. Lukas Haraslin foi para um bom time (Sassuolo – nota do editor), tem rivais muito fortes para “superar” em sua posição. Falta tempo de jogo para ele. Ondrej Duda joga há muito tempo pela seleção, ele é o tipo de jogador que pode ser o seu líder. Ele tem uma grande qualidade, que mostrou pela primeira vez no Legia, e agora mostra regularmente na Bundesliga.

O seu time tem vários jogadores da polonesa Ekstraklasa – Kuciak, Satka, Holubek. Como avalia o nível da liga polonesa e como você a compararia com a liga eslovaca?

Monitoramos a liga polonesa todas as semanas. Há muitos jogadores que estamos constantemente obseervando. Vejo uma grande diferença entre os clubes polacos e eslovacos em termos de oportunidades, mas ainda tem o mesmo problema que nós – não conseguem participar nas copas europeias. Estou tentando compreender porque é que os clubes poloneses estão indo tão mal na Europa, mas não consigo. A liga deles desperta um grande interesse no país. Se as restrições decorrentes COVID-19 fossem suspensas, os estádios certamente estariam cheios de torcedores. Em tempos normais, os clubes da Ekstraklasa têm muitas receitas provenientes de dias de jogos, ainda mais com a venda de direitos televisivos e, certamente, também com patrocinadores.

Lewandowski entre as estrelas da Euro?

Já viu as partidas da Polônia em março?

Claro que sim. Estamos o tempo todo coletando materiais para termos o máximo de informações possível sobre os nossos oponentes, embora ainda haja tempo para uma análise detalhada. No que diz respeito à primeira partida dos poloneses, ficou claro que os húngaros estão em um momento completamente diferente na construção da seleção. Eles têm um bom treinador, que pode preparar os jogadores. Os jogos contra a Inglaterra, o maior favorito do grupo, são sempre extremamente difíceis. A Polônia não esteve longe de um empate. Esse seria um grande resultado, como sabemos por experiência própria, porque recentemente enfrentamos os ingleses e vimos a sua qualidade com nossos próprios olhos.

Sentimos falta de Robert Lewandowski naquela partida…

Na minha opinião, Robert Lewandowski é atualmente um dos cinco melhores atacantes do mundo. Ele tem tudo o que um jogador de futebol completo deveria ter e não há necessidade de convencer ninguém disso. Se estiver saudável, será uma das maiores estrelas do campeonato. O nosso trabalho é pará-lo, mas não me pergunte como fazer isso. Vou deixar as minhas ideias para os jogadores no meu vestiário.

Alguém mais com quem você esteja particularmente preocupado?

Nós os vemos como uma equipe de onze pessoas, não como indivíduos correndo pelo campo. Cada time do nosso grupo tem personalidades fortes que podem mudar o curso do jogo e ter um impacto significativo no desempenho coletivo. Acredito que este será um bom campeonato, recheado com os melhores jogadores. Queremos fazer parte disso. A motivação de todos os jogadores estará em um alto nível. Ainda mais com os torcedores voltando às arquibancadas. Estamos ansiosos por todos os jogos. Nós queremos representar a Eslováquia como convém aos finalistas da Euro.

FONTE: goal.pl


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