O Fluminense tornou-se o décimo clube entre os 20 de participam da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro a fechar um acordo com um site de jogos online. O tricolor deve apresentar já na segunda-feira, 15 de julho, na partida contra o Ceará, pela décima rodada do Brasileirão, a primeira depois da paralisação de quase um mês do torneio devido à realização da Copa América, a marca Kashbet na altura do omoplata do uniforme de seus jogadores.

O anúncio aconteceu poucas horas depois de o Flamengo, maior rival do clube, ter fechado uma parceria digital com o site de jogos online Sportsbet.io. Com isso, todos os quatro grandes do Rio de Janeiro passam a contar com casas de apostas entre suas patrocinadoras. O Vasco foi o primeiro do quarteto a fechar contrato tendo assinado com a Netbet. O Botafogo acertou com casasdeapostas.com.

Acordos ainda mostram timidez do investimento

Embora o número de acordos tenha atingido o patamar de 50% dos clubes da Série A, o tipo de contrato ainda exibe uma timidez do mercado em relação à lentidão para a regulamentação da lei que permitiu a concessão de licença para que os sites de jogos online atuassem no Brasil. A legislação foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Michel Temer em outubro de 2018.

A lei deu poder ao executivo para determinar as regras de licenciamento para as casas de apostas esportivas online atuarem no Brasil e estabeleceu o prazo de dois anos para que isso fosse feito. Quase um ano após a legislação entrar em vigor, isso ainda não foi feito. Seu único efeito prático foram justamente os contratos de patrocínio entre empresas do setor e clubes.

Porém, a falta de maior segurança em relação às exigências que serão feitas pelo Governo Federal tem deixado as marcas mais importantes do mercado fora dessas negociações. Os acordos que têm sido firmados envolvem sites de jogos online de menor porte e a venda de espaços de menor importância nas camisas.

Embora nenhum dos acordos fechados até agora tenha sido transparente com a publicação dos valores envolvidos, a grande maioria deles envolve a região da omoplata dos uniformes. Especialistas em marketing esportivo avaliam que tais acordos possam gerar algo em torno de R$ 2 a 3 milhões em receitas para os clubes para o período de um ano.

Saída de banco estatal reduziu preços no setor

Os valores envolvidos nos patrocínios tiveram uma queda significativa depois que com a posse do presidente Jair Bolsonaro o Governo Federal deixou de investir no futebol. A Caixa Econômica Federal, banco estatal, era o maior anunciante nos clubes das divisões principais do Brasileirão tendo comprado o patrocínio máster de mais de uma dezena deles com valores que oscilavam entre R$ 9 e R$ 30 milhões.

Com sua saída, esses valores caíram e, naturalmente, derrubaram os preços não apenas do espaço principal como também dos periféricos. Das casas de apostas, apenas uma comprou o patrocínio máster. Assim mesmo, tal acordo foi feito com um clube da Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro, o Sampaio Corrêa, cujo torneio tem bem menos exposição na mídia e a transmissão é feita apenas pela Internet, o que torna os preços bem mais baixos.

O Governo Federal tem até outubro de 2020 para fazer a regulamentação determinada pela lei e começar a conceder o licenciamento. No entanto, esse prazo poderá ser estendido por mais dois anos, conforme previsto pela própria legislação. Até lá, as empresas de jogos online de maior poderio econômico muito provavelmente seguirão em compasso de espera aguardando por regras mais claras.

Entre elas estão grandes anunciantes como Bet365. A casa de apostas britânica não apenas é a patrocinadora máster do Stoke, clube de sua cidade, como comprou o direito de dar nome ao seu estádio. Ao final da temporada 2018/2019 do Campeonato Inglês, Betway  anunciou a renovação do patrocínio principal do West Ham por mais seis anos pagando 10 milhões de libras esterlinas, cerca de R$ 47 milhões, por ano. Isso, naturalmente, além dos chamados bônus de desempenho, que podem aumentar ainda mais o valor dependendo da evolução do time nos torneios, o que amplifica a divulgação na marca.

As casas de apostas no futebol Brasileiro

Série A

Time Casa de apostas Modalidade de patrocínio
Fluminense Kashbet Publicidade na camisa
Flamengo Sportsbet.io Parceria digital
Corinthians Majorsports Publicidade na camisa
Bahia Casa de apostas.com Publicidade na camisa
Botafogo Casa de apostas.com Publicidade na camisa
Santos Casa de apostas.com Publicidade na camisa
Cruzeiro Pari Mutuel Urbain Placas de publicidade no Mineirão
Fortaleza NetBet Publicidade na camisa
Vasco NetBet Publicidade na camisa
Atlético-MG 188Bet Parceria digital

Série B

Sport InfinitBet Publicidade na camisa
Vitória Netbet Publicidade na camisa

Série C

Santa Cruz InfinitBet Publicidade na camisa
Sampaio Corrêa Bets1 Publicidade na camisa (máster)

Mercado pode atingir faturamento de R$ 10 bilhões por ano

Uma das dificuldades para o investimento é a falta de dados oficiais sobre o tamanho do mercado brasileiro. De acordo com estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGB), estima-se que os sites de jogos online atualmente movimentam algo em torno de US$ 200 a U$$ 300 milhões (entre R$ 800 milhões e 1,2 bilhão) no país.

As projeções para o aumento dessa receita com a concessão da licença de atuação pelo Ministério da Fazenda e investimento em marketing indicam que o mercado pode passar a movimentar de R$ 6 bilhões a R$ 10 bilhões por ano.

Um indício claro do aumento de interesse nesse mercado foi a recente movimentação da Rede Globo de Televisão, que ao lado do grupo Tuner é detentora dos direitos de transmissão da Série A do Campeonato Brasileiro. Pela primeira vez a emissora convocou os clubes que tem sob contrato para incluir no acordo os direitos de transmissão das partidas para as plataformas de streaming de casas de apostas esportivas.