Ganância e preguiça. Esses dois pecados capitais impulsionam o que há de pior no ser humano. O desejo de ganhar muito trabalhando pouco – ou sem qualquer esforço, se for possível – é o gerador da imensa maioria dos golpes, fraudes e desvios criados como atalho para ter sucesso nos mais diversos segmentos onde o dinheiro está envolvido.

Nas apostas esportivas, essa combinação atende pelo nome de “Fixed Matches”, expressão em inglês que, em português, poderia ser adaptada para “jogos manipulados”, ainda que se for colocada nos tradutores disponíveis na rede mundial de computadores apresentará como respostas “jogos fixados” ou “jogos fixos”, algo que não tem muito sentido.

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Mas são os termos buscados por aqueles que querem ganhar dinheiro com apostas esportivas mas não desejam se dedicar em  adquirir mais informações e aprimorar suas técnicas analíticas visando aumentar as suas possibilidades de sucesso. Tudo que desejam é o lucro fácil com jogos que supostamente teriam o placar definido antes mesmo de a disputa começar.

Feitiço geralmente vira contra o feiticeiro

Essa atitude, contudo, é duplamente equivocada. Primeiro, de forma inquestionável, na questão ética. Não há qualquer dúvida de que buscar esse caminho para alcançar lucros não apenas é ilegal como ilegítimo.

Apostar em resultados manipulados é crime!

Não importa em qual país o apostador esteja localizado ou em qual local o evento esteja sendo realizado. Não há qualquer área cinzenta para esta interpretação. É uma mera questão de certo e errado.

Mesmo para quem não dá atenção para a consciência, tal procura pelo caminho fácil para as vitórias na gigantesca maioria dos casos está fadada ao fracasso. Afinal, as ofertas para realização de apostas online em jogos com resultados combinados é costumeiramente é uma fraude dentro da fraude.  

Manipulação de resultados é realidade

Não que a manipulação de resultados seja uma obra de ficção. Há informações comprovadas de que ela existe. A mais significativa investigação desse tipo no Brasil data ainda dos anos oitenta do século passado. A revista Placar revelou a existência daquilo que apelidou de “A Máfia da Loteria Esportiva”.

Na época, a Loteria Esportiva era a mais importante loteria do país, uma espécie de Mega-Sena 1.0. Com prêmios capazes de transformar os apostadores milionários, tinha ampla divulgação e um imenso número de clientes fiéis. O melhor medidor para o sucesso podia ser percebido com um quadro fixo em um dos programas de maior audiência na TV, o Fantástico, até hoje exibido pela Rede Globo. Mesmo os mais jovens já deve ter tido algum contato com a famosa “zebrinha”, que anunciava os resultados dos jogos programados e tinha o popular bordão “olha eu aí, zebra” usado para realçar os confrontos que apresentavam surpresas.

Depois da revelação feita pela revista, a credibilidade da loteria foi devastada. A Caixa Econômica Federal até buscou uma remodelação, deu novo nome ao concurso, que atualmente é chamado de “Loteca”, mas o formato nunca voltou a ter a importância daquela época.

Brasileirão de 2005 foi afetado por escândalo de arbitragem

Não foi o único grande escândalo do futebol brasileiro. Em 2005, investigação revelou que um árbitro, Edilson Pereira de Carvalho, teria manipulado jogos do Brasileirão para propiciar lucros a um grupo de apostadores que solicitava seus serviços nesse sentido. Isso provocou a anulação de todos os jogos do torneio em que o soprador de apito havia atuado.

O torneio acabou sendo manchado e a credibilidade do mercado de apostas online abalada. O Brasil não é o “paraíso” da fraude nos resultados esportivos. Há casos comprovados desse tipo de golpe em dezenas de países, especialmente na Europa, onde o mercado de apostas movimenta muito mais dinheiro e, consequentemente, atrai um número maior de pessoas em busca de lucro mesmo que por vias tortas.

Carrasco do Brasil na Copa de 82 foi protagonista de escândalo

Na Itália, por exemplo, um escândalo de apostas esportivas teve como protagonista o atacante Paolo Rossi, protagonista da eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982, que foi disputada na Espanha, e teve os italianos como campeões. O artilheiro voltava aos gramados depois de uma suspensão aplicada justamente por seu envolvimento no esquema.

A poderosa Juventus teve um título nacional cassado por ter subornado árbitros para que a favorecerem. A Espanha também teve casos de manipulação de resultados assim como outros países do Velho Continente. É uma questão global.

Internet vira maior vitrine para golpistas

A existência dessa rede de manipulação de resultados incrementou um mercado paralelo que encontrou em outra rede, a mundial de computadores, o melhor campo para crescer. São pessoas que oferecem os resultados de jogos supostamente manipulados para que apostadores de todo o planeta possam alcançar lucro com apostas esportivas.

Uma simples pesquisa no Google, o mais usado buscador da Internet, revela milhares de páginas disponíveis que utilizam a expressão “Fixed Match” para buscar clientes. No Facebook, as páginas com ofertas de cotações extraordinárias para eventos que seriam alvo da combinação de resultados se proliferam a cada dia.

Tanto nas redes sociais quanto na rede mundial de computadores, o sistema tem funcionamento relativamente simples. Os agenciadores dos resultados combinados começam publicando posts com apostas vencedoras com cotações espetaculares.

Esses palpites, naturalmente, não são postados antes dos confrontos, mas sim depois de tudo resolvido e os resultados conhecidos por todos. No entanto, as ferramentas da Internet permitem que apareçam com data e horário anterior aos acontecimentos.

Venda é a segunda etapa da estratégia

Ao despertar o interesse dos usuários com as postagens fraudadas, o segundo passo dos agenciadores é “vender” seus serviços. Isso significa que o apostador precisa pagar determinado valor para receber uma dica sobre o próximo “resultado manipulado”. Obviamente, tal pagamento tem que ser feito de forma antecipada e não oferece qualquer garantia.

Assim como um traficante que tem sua droga roubada e não pode prestar queixa na polícia, o comprador do suposto Match Fixed não tem para quem reclamar. Afinal, assim como o vendedor, também está envolvido em uma atividade criminosa.

Embora muitos digam que não existe crime perfeito, essa prática esta muito próxima da perfeição. Depois do dinheiro recebido, o agenciador, protegido pelas ferramentas da rede mundial de computadores que lhe permitem agir no anonimato, pode seguir normalmente promovendo suas fraudes.

Nem presunção de ‘ética entre bandidos’ garante lucros

Mesmo quem acredita que possa existir uma “ética entre criminosos” com cada um cumprindo sua parte na transação ilegal não tem a certeza de lucro. Ainda que consiga obter a informação sobre um resultado combinado e realizar a aposta, nada garante que o site de jogos online vai pagar o prêmio esperado.

Isso porque as casas de apostas são as principais vítimas desse golpe. Elas perdem duplamente. O maior prejuízo certamente é de credibilidade. A possibilidade de ganhar ou perder apostas não de acordo com as previsões, mas pela manipulação, afasta as pessoas do mercado. Tal atitude geralmente é de difícil reversão, quando não irreversível.

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O segundo prejuízo é financeiro, com o pagamento das apostas antes que a fraude seja percebida. Para evitar essa consequência, as empresas do setor desenvolveram mecanismos para detectar movimentações que indicam movimentos suspeitos por parte dos apostadores. Quando isso acontece, simplesmente cancelam as operações.

Ao contrário da polícia, que quando investiga caso como estes precisa provar o que foi feito, os sites de jogos online não são obrigados a fazer isso. Deixam claro que podem, por sua decisão, cancelar toda e qualquer aposta em que suspeitem existir fraudes.

Possibilidade de ‘honestidade’ é remota

Contar com a ‘honestidade’ dos agenciadores de resultados manipulados, no entanto, parece ser de uma ingenuidade assustadora. Primeiro, por esperar comportamento correto de alguém que assumidamente é um criminoso. Depois, simplesmente pela falta de lógica na operação.

Em qualquer lugar do mundo realizar apostas em jogos manipulados é crime.

Imagine que uma pessoa realmente tenha participado da fraude para manipular determinado resultado ou então saiba da combinação e queira ganhar dinheiro com isso. Por que abriria mão de ela mesma realizar a aposta e obter o lucro tão alto aguardado para vender esse palpite por 10, 20 ou 30 euros?